sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Próspero 2010


"Adeus ano velho, Feliz Ano Novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender"


Bordão antigo, mas ainda válido. Assim, seja feita sua vontade.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Bandeira Branca

Conto de verão nº 2: Bandeira Branca
Luís Fernando Verissimo

Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.

Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.

Só no terceiro Carnaval se falaram.

— Como é teu nome?

— Janice. E o teu?

— Píndaro.

— O quê?!

— Píndaro.

— Que nome!

Ele de legionário romano, ela de índia americana.

Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.

— Ah.

Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.

No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:

— Me dá alguma coisa.

— O quê?

— Qualquer coisa.

— O leque.

O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.

***

No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?

— Você vomitou a alma — disse a mãe.

Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.

Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.

— Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo.

Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.

— E aquela bailarina espanhola?

— Nem me fala. E o toureiro?

— Aposentado.

A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.

***

Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…

— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.

— Esqueci — mentiu ele.

Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aprenda a chamar a Polícia

POLÍCIA!!!

Tenho sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranqüilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.

Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura
disponível..


Luiz Fernando Veríssimo

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Promoção I

Hoje consegui todas as exigências para minha primeira promoção. Tenho o tempo, a avaliação e agora o curso. Assim, já me considero promovido. Quero meu retroativo! hehehehe

Parafraseando um grande amigo:

2009 na Segunda, 2010 na Primeira!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma vez Flamengo...



É hoje sim! Seis de dezembro de 2009, o dia do Hexa campeonato do Mengão!
Foram 17 anos; nos últimos, por pouco, mas agora é nosso!

Vibra, vira, fibra, valeu Mengão!

Hino Do Clube De Regatas Flamengo
Flamengo
Composição: Lamartine Babo

Uma vez flamengo,
Sempre flamengo.
Flamengo sempre, eu hei de ser.
É meu maior prazer vê-lo brilhar,
Seja na terra, seja no mar.
Vencer, vencer, vencer!
Uma vez flamengo,
Flamengo até, morrer!

Na regata, ele me mata,
Me maltrata, me arrebata.
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado;
Sempre amado;
O mais cotado nos fla-flus é o 'ai, jesus!'
Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo.
Ele vibra, ele é fibra,
Muita libra já pesou.
Flamengo até morrer eu sou!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Doenças dos Nordestinos

Não tem como não ter tido alguma dessas. Boas lembranças, boas gargalhadas.

- ANTÓJO
- SIRIBOBEIA
- ISPINHELA CAÍDA
- PEITO ABERTO (by Angel)
- DOR NOS QUARTOS
- PÉ DISMINTIDO
- MOLEIRA MOLE
- QUEBRANTO
- TOSSE DE CACHORRO
- FARNIZIM
- PASSAMENTO
- CACHINGAR
- FRIEIRA
- COBREIRO DE PÉ
- PEREBA
- CURUBA
- REMELA NO ZÓI
- DORDÓI (conjuntivite)
- GASTURA
- MARIA PRETA
- DOR NO PÉ DA BARRIGA
- DOR DE VIADO
- BODE
- BOI
- IMPINGE
- PILÔRA
- PANO BRANCO
- XANHA
- ESTALICIDO
- BICHEIRA
- FININHA
- ALÔJO
- ÍNGUA
- BICHO DE PÉ
- EMPACHADO
- FASTIO
- DOR NO ESPINHAÇO
- BUCHO QUEBRADO
- DENTIQUÊRO
- CALO SECO
- UNHA FOFA
- PÉ INCHADO
- PAPOQUINHA
- CORPO REIMOSO
- MUCUIM
- BERRUGA
- OLHO DE PEIXE (verruga na planta do pé)
- SETE COURO
- CORPO MUÍDO
- BARRIGA FAROSA
- DIFRUÇO (resfriado)
- GÔTO INFLAMADO (quando a comida cai no gôto)
- MÔCO
- PÁ QUEBRADA
- CADUQUICE
- VISTA CANSADA
- OS QUARTO ARRIADO
- ESPINHA CARNAL
- PAPÊRA
- DOENÇA DOS NERVO
- OMBRO DISMINTIDO
- QUEIMA NO ESTOMBO
- JUÍZO INCRIZIADO
- FERVIÃO NO CORPO
- CAMPANHIA CAÍDA
- ESMORECIMENTO NO CORPO
- DESENCHAVIDO
- PITO FROUXO
- ISCURICIMENTO DE VISTA
- PIRA
- TISGA
- INFRAQUICIDA
- VENTO CAÍDO
- FRACO DOS NERVO
- ESPORÃO DE GALO
- BICO DE PAPAGAIO
- LANDRA INCHADA (gânglios inchados)
- DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA
- DOR NAS CRUZ
- DOR NOS BRUGUMI
- MAL JEITO NO ESPINHAÇO
- INTALO
- INTANGUIDA
- DIFULUÇO
- DOR NAS CADEIRA
- SAPIRANGA NOS ÓI
- RUÇARA
- DOR NA JUNTA
- MONDRONGO
- INQUIZILA
- PÉ DURMENTE (remédio é fazer uma cruz com cuspe em cima do pé. É pei bufe!!! )
- ESQUENTAMENTO
- VERMÊIA
- CESÃO
- CARNE TRIADA
- NERVO TORTO
- DOR NO MUCUMBÚ
- SOLITÁRIA
- ASTROSE E ASTRITE
- SAPINHO
- ENTOJO
- PAPEIRA
- TIRISSA
- LUNDU
- NÓ NAS TRIPA
- ALGUEIRO
- ESTOPOR
- GÔGO
- UNHEIRO
- BOQUEIRA
- CALOMBO
- DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO
- ZÔVO GÔRO
- MURRINHA
- ZÔVO VIRADO
- CANSAÇO NO CORAÇÃO
- JUÊI DISMANTELADO
- ZÓIO NUVIADO
- VAZAMENTO (CAGANEIRA)
- ÁGUA NAS JUNTA
- RESGUARDO
- INTUPIDO (passar dias sem obrar)
- MUFUMBA
- FÍGADO OFENDIDO
- VÊIA QUEBRADA
- CHABOQUE DO JOELHO ARRANCADO


É muita "greia"!

Se você souber de outras mazelas nordestinas, vamos completar a lista.

Abraços

MM